Origami metálico
Texto: Ana Marquez
Localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o Terminal Alvorada é um dos principais terminais rodoviários da cidade. Após ser totalmente redesenhado pelo escritório Jozé Candido Arquitetos Associados, passou a fazer a integração entre os serviços de BRT (sigla em inglês para Bus Rapid Transit) e os ônibus alimentadores municipais e intermunicipais. As obras foram finalizadas em 2013 e o terminal inaugurado.
“A ideia era construir um terminal que permitisse
berços para as 66 linhas de ônibus e 15 linhas de BRTs, com ônibus
articulados, possibilitando a integração entre eles. Não foi uma tarefa
simples, pois, estávamos limitados pela área do Detran”, conta o
arquiteto Jozé Candido Sampaio de Lacerda, proprietário do escritório.
Com projeto arquitetônico
único, a construção chama atenção mesmo de longe e traz uma nova
identidade para a arquitetura da cidade. Segundo Lacerda, embora a
intenção fosse fazer o terminal marcar sua presença na paisagem, ele não
poderia 'ofuscar' a Cidade das Artes, complexo que abriga inúmeras
atividades artísticas e está posicionado próximo à estação.
Área impôs desafios
A grande dificuldade da equipe de arquitetos
responsável pelo projeto do Terminal Alvorada foi propiciar toda essa
integração em uma área muito alongada e com pouca largura. Foi preciso
romper o desenho alongado que, em determinados pontos, alcançava mais de
350 metros.
De acordo com Jozé Candido Sampaio de Lacerda, uma
saída foi trabalhar plasticamente com o que costumam chamar de
“origami”, um gigante pousado sobre a cobertura,
exatamente na ligação transversal do subsolo do terminal com a Cidade
das Artes. “Outra solução que encontramos foi a distribuição dos
serviços de ônibus de BRT e ônibus alimentadores em três plataformas
acessadas através de dois subsolos”, conta.
Processo de reforma
O Terminal Alvorada agrega hoje parte do terreno ocupado pelo Detran-RJ. São três plataformas, que foram cobertas com estrutura metálica
com telha sanduíche, o que facilitou e agilizou a construção. “O
projeto previa dois subsolos com acessos por meio de elevadores, escadas
rolantes e escadas fixas”, comenta Lacerda.
Atualmente, o terminal tem capacidade para receber
600 mil pessoas por dia, possui três plataformas para 66 ônibus
alimentadores e 14 ônibus articulados. O acesso de pedestres se dá
através de bilheterias localizadas nas duas extremidades da plataforma
principal.
Soluções tecnológicas e sustentáveis
O controle dos passageiros é feito por meio de linha
de catracas. Todo sistema de corredor BRT é monitorado por um Centro de
Controle e Operações (CCO), e os painéis com informações sobre os ônibus
são atualizados frequentemente.
O Terminal Alvorada é o primeiro totalmente projetado
com sistema computadorizado em LED. A iluminação também é toda em LED.
“Usamos o mesmo critério de sustentabilidade
e qualidade espacial das estações BRT: uma área de mais conforto, com
um ambiente mais claro e que respeita o usuário”, relata Lacerda.
Layout
No subsolo principal, foi projetada uma área para
nove lojas, caixas de banco 24h, posto de informações, achados e
perdidos, ambulatório, sala para juizado de menores, cabine de
segurança, bilheteria, banheiros
e um pequeno refeitório para os funcionários, além de salas técnicas.
Este subsolo se conecta à passagem subterrânea existente da Cidade das
Artes através de amplo espaço aberto, formando um ponto de encontro para
os usuários.
Projeto de paisagismo
O paisagismo do Terminal Alvorada é composto por um
conjunto de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas bem adaptadas às
condições climáticas do local, proporcionando equilíbrio entre qualidade
paisagística, conforto ambiental, necessidade de consumo de água e
ações de manutenção.
A diversidade das espécies utilizadas teve como
objetivo a diversificação visual. “Usamos características das próprias
espécies, como diferenças de porte, alternância de espécies de folha,
diferentes tonalidades, entre outras. A ideia foi obter uma estrutura
visual mais orgânica, assumindo também uma importante função ecológica”,
descreve Lacerda.
“O projeto configura um dos símbolos do reordenamento
no sistema de transporte coletivo no Rio de Janeiro, contemplando
adaptações para os novos tempos. A ideia foi trazer algo leve e que
criasse um conjunto harmônico com a Cidade das Artes” finaliza Lacerda.
#mhelfstein #arquiteturavirtual
Comentários
Postar um comentário